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Venho através deste prestar minhas condolências... condolências póstumas ao Dia dos Namorados... Não sei ainda como aconteceu, e as lágrimas que escorrem em minha face ainda me impedem de compreender se o que morreu de fato foi o Dia deles, Eles, ou o Amor que os unia. Na duvida, presto pessames aos três
Assim, acho as vezes que a melhor descrição do ocorrido é que o dia matou os namorados... Matou-os quando lhes pediu para representar seu amor em mercadoria. O presente, não agradando ou sendo trocado, acabou por matar a possibilidade de amor gratuito que os unia...
A efemeridade das relações, ao certo, foi cúmplice do crime. Quando as pessoas começaram a representar cada vez menos uma para as outras, e o sentimento onde outras horas tão fascinantes poetas se embriagaram foi vulgarizado pela competição numérica de quantos pares uma individualidade é capaz de formar numa noite, aí agia a efemeridade. Assim, "MuitosPares" acabou por matar "UmParPraSempre", e sem nenhum dos dois para consolar-nos, acabamos sozinhos no fim dos dias.
Dizem as más linguas que o senhor Mercado se alegrou com a morte do falecido, ouvi no jornal hoje ao meio dia que estava a comemorar suas vendas que aumentaram em quase 60 % este ano.
E eu aqui, nem triste nem alegre, apenas reflexivo como sempre, fico pensando nesta época em que as próprias relações são efêmeras e consumíveis, e consequentemente consumistas, ou isto ou antiquadas e repressivas. Reflito e espero por um dia em que nós, então nem mais ficantes inconstantes nem eternos namorados pegajosos, possamos nos lembrar do falecido "12deJunho", e homenager sua morte utilizando os outros 364 dias do ano que nos restaram para estabelecer relacionamentos onde amar e ser amado constituam o único objetivo. E acabo por perceber que sua morte valeu a pena... No fim das contas, "12deJunho" morreu como herói!
Rafael Machado
Um comentário:
E se o amor fosse uma pintura: que nuances poderiam ir além do antiquado e do repressivo?...
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