quinta-feira, 14 de junho de 2007

Homenagem Póstuma ao Dia dos Namorados

Nossa cultura ocidental possui uma estranha mania de adjetivar um dia do calendário sempre que almeja apaziguar os animos de alguma minoria excluida ou aumentar o consumo de suas mercadorias. E comemorar o dia dos namorados representa isso muito bem. Na época do tão badalado ficar, onde a moral familiar procura se acostumar com esse novo "modismo" juvenil, quem possui um namoro a moda antiga está erguendo as mãos pros céus. E o mercado agradece!!!

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Venho através deste prestar minhas condolências... condolências póstumas ao Dia dos Namorados... Não sei ainda como aconteceu, e as lágrimas que escorrem em minha face ainda me impedem de compreender se o que morreu de fato foi o Dia deles, Eles, ou o Amor que os unia. Na duvida, presto pessames aos três

Assim, acho as vezes que a melhor descrição do ocorrido é que o dia matou os namorados... Matou-os quando lhes pediu para representar seu amor em mercadoria. O presente, não agradando ou sendo trocado, acabou por matar a possibilidade de amor gratuito que os unia...

A efemeridade das relações, ao certo, foi cúmplice do crime. Quando as pessoas começaram a representar cada vez menos uma para as outras, e o sentimento onde outras horas tão fascinantes poetas se embriagaram foi vulgarizado pela competição numérica de quantos pares uma individualidade é capaz de formar numa noite, aí agia a efemeridade. Assim, "MuitosPares" acabou por matar "UmParPraSempre", e sem nenhum dos dois para consolar-nos, acabamos sozinhos no fim dos dias.

Dizem as más linguas que o senhor Mercado se alegrou com a morte do falecido, ouvi no jornal hoje ao meio dia que estava a comemorar suas vendas que aumentaram em quase 60 % este ano.

E eu aqui, nem triste nem alegre, apenas reflexivo como sempre, fico pensando nesta época em que as próprias relações são efêmeras e consumíveis, e consequentemente consumistas, ou isto ou antiquadas e repressivas. Reflito e espero por um dia em que nós, então nem mais ficantes inconstantes nem eternos namorados pegajosos, possamos nos lembrar do falecido "12deJunho", e homenager sua morte utilizando os outros 364 dias do ano que nos restaram para estabelecer relacionamentos onde amar e ser amado constituam o único objetivo. E acabo por perceber que sua morte valeu a pena... No fim das contas, "12deJunho" morreu como herói!

Rafael Machado

Um comentário:

Anônimo disse...

E se o amor fosse uma pintura: que nuances poderiam ir além do antiquado e do repressivo?...

Nota do autor

A estrutura do Mosaico é uma forma bastante apropriada para representar a intencionalidade deste blog. Quando construímos um Mosaico, vamos colocando peça por peça na expectativa de, ao final, formar uma figura. As imagens de Mosaico não são tão nítidas, nem tão detalhadas, e suas formas são identificáveis mais facilmente quando constituem figura já conhecida por nós. Ela é feita pela soma de suas pequenas partes, feita pra olhar de longe. Cada peça, em si, pouco constituí, mas em sua finalidade carrega sua razão de ser. E a figura está além destas mesmas partes. Esse é o intuito desta página, e por isso Mosaico é um termo que acredito lhe cair tão bem...

O desafio estabelecido aqui é refletir sobre o amor. Carrego esse passatempo comigo já a bastante tempo. Como um Mosaico, essa reflexão se construirá através de peças que, espero, constituirão uma figura aos poucos... Escrevendo e refletindo sobre poesias, músicas, atitudes, informações... Buscando peças psicológicas, sociológicas, políticas, religiosas... Formando a figura mais detalhada possível, teorizando, refletindo e sentindo não apenas um amor que existiu e que existe, mas em especial a possibilidade de uma forma de amor que virá. Se trata de criar figura nova...

Espero que me ajudes a formar essa figura...

Anda... Coloca logo tua peça...



Rafael Machado

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Há muito tempo não escrevo neste espaço, e existem variados motivos para isso. A entrega total e imparcial a um outro tipo de amor ocupou meus pensamentos por algum tempo... sim, pode não parecer mas falo daquilo que alguns chamam de trabalho! Trabalho, pra mim, é puro tesão, é amor feito visível, e por isso quando me ocupo demais com uma tarefa é porque estou desesperadamente apaixonado por ela. Foi isso que aconteceu nos ultimos 9 meses...
Outro fato é que não amei... sim, e seria de certa forma impossível, ato verdadeiro de infidelidade ao meu sentimento de paixão pelo que fazia, e embora possamos amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, a paixão é bem mais possessiva e não nos permite tamanha flexibilidade...
E descobri uma coisa que já sabia... Só consigo refletir sobre o amor quando amo. Se isso não acontece, nunca atingo a ousadia de terminar uma frase que seja sobre o assunto! Amor é discurso que não cabe na boca de um não iniciado, e para atingir sua verdade é necessário que se percorra o caminho dos sentidos e sentimentos.

Por isso, sem amar, não me autorizo a construir verdades sobre o q não sinto. Mas, através da exigência de uma amiga a postar aqui, fui atrás de meus cadernos... e sim, eles possuiam preciosidades que caberiam neste momento, mais do que em qualquer outro talvez. Essas preciosidades, minhas precisosidades claro, se referem a cartas e pensamentos que escrevi ao longo de relacionamentos na busca por entender e sentir de forma mais autêntica aquilo que acontecia em mim... o amor. Sigo, então, a expor um conjunto de cartas que escrevi para diversas companheiras, geralmenete através de cartas, onde o amor e a reflexão sobre se implicavam um no outro, em busca de libertação!

Rafael Machado
19 de Abril de 2008