terça-feira, 31 de julho de 2007






Hoje a noite fui surpreendido por uma notícia... que a data atual não era uma qualquer, mas data especial. Não sei o que há comigo que raramente me felicito em datas festivas onde outros se alegram. Assim é no Carnaval, na Páscoa, no Natal, no dia dos namorados... e assim foi hoje. Pego de surpresa, caro leitor, não pude me estender muito nas reflexões, mas por favor aceite essa humilde reflexão na comemoração do Dia do Orgasmo!!!

(In)Feliz Dia do Orgasmo

Esse texto é sobre aquele que têm sido o maior xodó da sociedade pelos tempos: o sexo! Pena que para manter sua função social garantida ele não pode ser realizado entre duas pessoas!!!


O modismo de hipervalorização, e superficialização, da cultura oriental ostenta o Tantra como a prática do gozo ideal; machos adolescentes consomem desenfreadamente Viagras na busca do sucesso seguro de sua iniciação sexual, assim como amuleto mágico contra os fantasmas que assombram suas virilidades escorregadias; o négocio pe gozar mais e o maior número de vezes. O instinto sexual se materializa no homem como liberação de sua animalidade. Trepar como cachorro, gozar como porco, ser eficiente como o coelho... o coito se realiza sempre entre o garalhão e a potranca! As mulheres, que em gerações passadas queimaram sutiã em praça pública, clamam o direito de que a adjetivação "galinha" tenha a mesma conotação social que a adjetivação "galo"... E eu que não passo de um pintinho acho tudo ridículo e absurdo!!!

A sociedade do entretenimento cultua o sexo hedonista e individualizante como fórmula certa para o aumento do consumo. Na nigth, na wibe, ou seja onde for, o lance é o pega-pega e o mata-mata, num jogo de aparências e sedução que mais lembra o velho-oeste americano e sua luta desenfreada por território.

Quanto mais melhor, e quem conseguir menos perde. Na busca desse objetivo se desvincula a relação sexual do compromisso amoroso, e social (o que acho ótimo), mas sem se prestar muita atenção se enfia juntamente no lixeira o compromisso com o outro e o prazer do encontro (o que acho péssimo).

Mas isso é mais que normal, é a consquista histórica da libertação sexual do homem de valores morais que a restringiam, brandaram alguns dizendo-se revolucionários e achando-se moderninhos. Olho pra eles e acredito que não vêem a mesma coisa que vejo: o aumento do número de adolescentes com bulimias e anorexias da vida e a "descoberta" de uma nova doença da imagem corporal já em plena expansão entre os jovens masculinos, a vigorexia. Quando vejo esses dados não consigo evitar a idéia de qe corpos produzidos de forma tão doente e alienada podem até gozar mais em seus ímpetos consumistas, mas sem dúvida não consiguem gozar melhor! E enquanto todos acreditam sair ganhando com a liberação sei lá de quê, aumentando cotas pessoais de pega-pega, ós únicos que apresentam lucro incontestável são as multinacionais de cosméticos, de emagrecimento, de bebidas alcóolicas e automobilistas, que propagandeiam o acesso a um corpo perfeito (seu ou do outro), ludibriando seus consumidores com uma brincadeira de esconde-esconde.

O que fico pensando é se as praias de nudismo também se encontram repletas desses out-doors eróticos-consumistas que vejo por aí, e comemoram o dia do orgasmo com uma alegria ávida de sexo fast-food... Prefiro acreditar que não, que em algum lugar o corpo e o sexo continuam sendo coisas naturais, não mercantilizáveis.

Que me desculpem os ninfomaníacos se estou sendo cruel demais, não tenho nada contra eles, pelo contrário. Mas acho que sexo não se trata apenas de caça ou oportunidade, assim como o orgasmo não é garantido pela tecnica X, posição Y e preliminares Z, como gostam tanto de nos fazer acreditar as revistas masculinas e femininas que à décadas lançam a mesma idéia todos os meses. Transar com outra pessoa fazendo dela um objeto para a obtenção de prazer pode ser bom as vezes (especialmente quando ambos estão de comum acordo), mas acho mais interessante ver o sexo como um encontro entre Eu-Tu do que como uma relação entre Eu-Coisa. O pansexualismo é um sintoma claro disso: qualquer coisa ta valendo, um homem, uma mulher, uma árvore, uma máquina de lavar roupas ou um pneu de fusca, tanto que se goze no final!

Que me desculpem os revolucionários, mas essa liberdade eu não quero! E (in)feliz dia do orgasmo para vocês.

Nenhum comentário:

Nota do autor

A estrutura do Mosaico é uma forma bastante apropriada para representar a intencionalidade deste blog. Quando construímos um Mosaico, vamos colocando peça por peça na expectativa de, ao final, formar uma figura. As imagens de Mosaico não são tão nítidas, nem tão detalhadas, e suas formas são identificáveis mais facilmente quando constituem figura já conhecida por nós. Ela é feita pela soma de suas pequenas partes, feita pra olhar de longe. Cada peça, em si, pouco constituí, mas em sua finalidade carrega sua razão de ser. E a figura está além destas mesmas partes. Esse é o intuito desta página, e por isso Mosaico é um termo que acredito lhe cair tão bem...

O desafio estabelecido aqui é refletir sobre o amor. Carrego esse passatempo comigo já a bastante tempo. Como um Mosaico, essa reflexão se construirá através de peças que, espero, constituirão uma figura aos poucos... Escrevendo e refletindo sobre poesias, músicas, atitudes, informações... Buscando peças psicológicas, sociológicas, políticas, religiosas... Formando a figura mais detalhada possível, teorizando, refletindo e sentindo não apenas um amor que existiu e que existe, mas em especial a possibilidade de uma forma de amor que virá. Se trata de criar figura nova...

Espero que me ajudes a formar essa figura...

Anda... Coloca logo tua peça...



Rafael Machado

.............................................................................................................

Há muito tempo não escrevo neste espaço, e existem variados motivos para isso. A entrega total e imparcial a um outro tipo de amor ocupou meus pensamentos por algum tempo... sim, pode não parecer mas falo daquilo que alguns chamam de trabalho! Trabalho, pra mim, é puro tesão, é amor feito visível, e por isso quando me ocupo demais com uma tarefa é porque estou desesperadamente apaixonado por ela. Foi isso que aconteceu nos ultimos 9 meses...
Outro fato é que não amei... sim, e seria de certa forma impossível, ato verdadeiro de infidelidade ao meu sentimento de paixão pelo que fazia, e embora possamos amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, a paixão é bem mais possessiva e não nos permite tamanha flexibilidade...
E descobri uma coisa que já sabia... Só consigo refletir sobre o amor quando amo. Se isso não acontece, nunca atingo a ousadia de terminar uma frase que seja sobre o assunto! Amor é discurso que não cabe na boca de um não iniciado, e para atingir sua verdade é necessário que se percorra o caminho dos sentidos e sentimentos.

Por isso, sem amar, não me autorizo a construir verdades sobre o q não sinto. Mas, através da exigência de uma amiga a postar aqui, fui atrás de meus cadernos... e sim, eles possuiam preciosidades que caberiam neste momento, mais do que em qualquer outro talvez. Essas preciosidades, minhas precisosidades claro, se referem a cartas e pensamentos que escrevi ao longo de relacionamentos na busca por entender e sentir de forma mais autêntica aquilo que acontecia em mim... o amor. Sigo, então, a expor um conjunto de cartas que escrevi para diversas companheiras, geralmenete através de cartas, onde o amor e a reflexão sobre se implicavam um no outro, em busca de libertação!

Rafael Machado
19 de Abril de 2008